O que aprendi sendo síndico por 2 meses

Dezembro de 2015 e janeiro de 2016 foram meses especiais pra mim. Com a viagem da síndica e minha atual função no conselho, assumi a bucha de ser o responsável pelo prédio, e todos os assuntos que o envolvem. Criei até o tópíco #‎diariodeumsubsindicoemapuros‬ no Facebook, pra lidar da forma mais bem-humorada possível com isso. Hoje, com o retorno da síndica, essa passagem da minha vida passa de situação a história, e deixa algumas lições pelo caminho.

1) A maioria das pessoas é boa

Encontrei gente muito legal por aqui. Gente que nem conhecia, e que se habilitou a ajudar nos problemas do prédio, fosse sugerindo melhorias, fosse saindo no meio da noite pra me ajudar a normalizar um mal funcionamento das bombas d’água. Os porteiros e funcionários, que antes eram tão mal-falados pelo então síndico (que já estava no cargo há 11 anos) foram prestativos de uma forma que não consigo mensurar. Assim como os funcionários da administradora do condomínio, que fizeram sua parte direitinho.

Sim, ninguém é herói sozinho. Eu tenho bons vizinhos, e gente do bem me cercando.

2) Porém, quem sobressai sempre é aquela meia-dúzia de FDP

Obviamente, nem tudo são flores. Tem o bêbado que trabalha na polícia que chega em casa e deixa porta do elevador travada, destrói quadro de avisos, tem o vizinho que acha que você é porteiro e te enche o saco pra fazer coisa que não é tua função, tem a velhinha carente que te liga pra reclamar de qualquer coisa, tem o ex-síndico que acha que dá pra continuar dando jeitinho nas coisas – mesmo numa nova administração, e quando você se recusa a entrar na maracutaia, é tratado como pedaço de merda. Os reclamões SEMPRE sobresaem, justamente por serem reclamões, e fazerem surgir na gente aquilo que temos de pior.

Aquilo que temos de pior pesa. Cansa. Desgasta e envelhece. Se bobear, vira câncer. Tem gente que gosta desse movimento. Eu pago pra não fazer parte dele.

3) A gente é mais capaz do que imagina

Foram apenas 60 dias. O suficiente pra eu aprender como funciona o sistema de bombas d’água do prédio, a fiação do elevador, o sistema de circuito interno, e conhecer quem faz o quê no prédio. O que deixa cada vez mais claro pra mim que, na hora em que a água bate na bunda, nossa cabeça funciona melhor. E funciona, a não ser que fugir seja uma opção – coisa que pra muita gente é.

4) Manter o bom humor é essencial, em qualquer circunstância

Mesmo com tão pouco tempo na linha de frente, deu pra sentir o peso da coisa. Se eu levasse pro pessoal cada pepino que pintou por aqui (e meus amigos, daria pra fazer uma salada pra família inteira) não olhava mais pra cara de ninguém. Mas separando as coisas, dá pra dizer que esse período foi bom. Deu pra tomar algumas liberdades, como liberar uma piscininha pra molecada, fazer um escambo do bem com a escala dos porteiros (para que o cara pudesse encontrar a esposa sem ter o salário descontado), pegar o contato do cara que conserta o elevador (e que em dez minutos de papo saber que o cara também vende peixe fresco, tem um sítio e convidou a gente pra almoçar dia desses), e pesquisar preço de bicicleta pro auxiliar de serviços gerais. Fora botar a vadiagem na linha.

Conclusão:

Eu acho que o prédio é um microcosmo bem representativo do mundo em que a gente vive. Uma experiência extremamente válida, que escancarou um novo universo bem na minha cara. Calçar o sapato alheio SEMPRE te transforma, e a gente cresce, amadurece e entende um pouco mais do ser humano. Foi bom, e eu curti mais do que esperava.

Meu vídeo do Facebook, ou quase isso

Achei justo usar esse dia 28 – uma Black Friday, segundo os ianques – pra agradecer ao ano que passou, e ainda passa – afinal de contas, ainda faltam 33 dias pra esse cara dar o fora. Melhor me adiantar e fazer isso agora, antes desse recado se perder no meio dos milhares de votos trocados durante a segunda quinzena de dezembro.

Foi um ano intenso, esse 2014: fiquei praticamente sem família em SP; realizei um dos meus 3 sonhos profissionais; lancei um projeto que nem projeto era – e que foi parar no site do meu time, na SporTV, na Record, na Globo, em tudo o que é canto; tive possivelmente minha melhor festa de aniversário (com direito às mais diversas mesas, pessoas, idades e origens); atravessei um oceano pela primeira vez na vida; assisti do estádio do meu time a um jogo de Copa do Mundo; fui chamado pra ser padrinho de um casamento mais que esperado; encontrei e reencontrei muitos amigos; consertei minha geladeira; enfim assisti a um show do Metallica (e sim: do Megadeth também, e por que não dizer que outro do Jorge Ben Jor?); pude cuidar da Pequena – e ela pôde cuidar muito de mim, em mudanças que foram excelentes pra nós dois. Acho que é um belo resumo, pra não ficar me alongando demais nas coisas que aconteceram por aqui. Quem esteve por perto conhece as histórias.

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Óbvio que rolaram problemas, mas deles eu não vou falar. Assim como rusgas, desentendimentos, perdas. Prefiro lembrar do que me faz bem ou que me move, pra fazer disso combustível pros próximos passos. Novamente, não tenho resoluções de ano novo: tenho projetos que começam agora, outros daqui a pouco, e mais alguns que já estão andando. Meu time não foi campeão de nada esse ano – isso também é uma nota negativa. De resto, tá tudo bem.

Portanto, eu queria agradecer a todos que fizeram parte disso. Eu seria muito injusto tentando citar todos, um por um. Mas fiz um apanhado rápido desses momentos que citei – e de outros, que aconteceram por aqui. O ano de 2014 me fez muito feliz em muitos aspectos. Me trouxe muito mais do que tirou. E por ele, eu assino aqui o meu obrigado.

P.S.: Mas prefiro o ao vivo ao virtual. Já tenho cerveja sábado, festa domingo, e aceito todo e qualquer convite de reuniões durante as próximas semanas (e nas seguintes também). Melhor do que ter vivido muito por aqui, foi ter vivido ainda mais fora do perímetro virtual.

Estamos sozinhos

Eu confesso que ainda estou assustado com o que aconteceu domingo. E vou contar uma breve história pessoal, portanto aos que não curtem leituras um pouco mais extensas, sugiro a desistência aqui mesmo.

De 1984 a 1996 estudei num único colégio. Ensino particular, Jardim Aeroporto, frequentada somente por crianças brancas ou orientais, classe média-alta. Não havia um negro sequer em todo o curso, se bem me lembro. E durante todo esse período, não foram poucas as piadas que a gente contava e ouvia – obviamente, também não eram poupados gays, portugueses (dos quais tenho ascendência), japoneses, gordos, nordestinos, loiras e afins. Temos mais de 30, sabemos que época é essa, e o quão comum era se divertir à custa dos outros. Não era culpa do colégio, pois chegando em casa quantas não foram as vezes que meu pai fazia piada sobre os mesmos temas, variando as histórias, e ao final a gente rachava de rir.

Veio o plano Collor, a economia rachou, e no meio da década de 90 tive que mudar de escola. Fui estudar no Senai. Concurso e o escambau, entrei no curso de Artes Gráficas. Uma turma com mais de 70 pessoas. Não tinha um puto no bolso, estudava na Bresser (Zona Leste de SP), morando no Taboão (zona Sul/Oeste), período integral. Ônibus às 4h50, marmita na mala, passei a dividir marmiteiro, mesa e bandeijão com uma galera que em nada lembrava o povo do meu ex-colégio: rico, pobre, gente que morava em outra cidade, gordo, magro, preto, branco, amarelo, órfão, fumante, playboy. E eu, que tomei um choque ali por não saber lidar com as pessoas que não fizeram parte da bolha em que cresci e vivi até então. Foi bom, eu aprendi muita coisa. A turma em 8 semestres encolheu sensivelmente. Existiam caras muito bons, outros nem tanto. Gente que se dava bem dentro da sala de aula, outros que eram mestres na oficina. A gente precisava um do outro no fim das contas. Dei monitoria de matemática, ajudava a galera a fazer pasta de desenho técnico… era outra vida, muito mais suada e cansativa. Mas era um puta de um tesão.

A imagem da minha infância foi ficando turva. Fosse pelo intervalo crescente de tempo, fosse por uma sensação de que aquele cara que eu havia me tornado em nada correspondia ao moleque tímido, inseguro, chorão e mimado que eu era. E havia a vergonha, de muitas coisas: ter preferido escrever a falar com a menina da sala de aula, nunca ter batido uma bola na pracinha em frente de casa, e sim, ter feito e pensado menos dos outros. Aprendi que o certo era fechar o vidro quando o moleque vem vender drops no semáforo, que quando visse um cara na calçada o mais seguro era mudar de lado, e que lugar de nordestino era levantando laje. Aprendi a chamar os caras de bóia-fria, de cabeça chata, de paraíba.

Pois agora eu tinha amigos nordestinos. Viajaria no final do curso pra Porto Seguro. Dali em diante meu mundo abriu. Conheci gente de tudo o que foi canto – pessoal ou virtualmente, e ocasionalmente com um puxando o outro, vieram outras turmas. Tive meus primeiros amigos homossexuais – meninos e meninas. Fiz muita merda. Fiz muita coisa boa também. E em determinado momento eu olhei pra trás.

Assim como fiz ontem.

E senti muita vergonha de quem um dia eu fui. De ter achado graça do ser humano ser o que é. De ter me sentido superior a um alguém qualquer, fosse qual fosse o momento. Até pouco tempo atrás eu chamava sãopaulino de bambi, de “aquela raça”. Que coisa mais imbecil, ser alguém que se diverte fodendo os outros. Ao mesmo tempo, vi vários desses amigos serem discriminados uma, duas, dez vezes. Alguns não podiam o que eu podia – se expressar livremente em público, amar sem ser julgado – pois “a sociedade não aceita”.

“Quem somos?”, essa sociedade… Quem somos nós, que não somos capazes de levar a sério episódios sérios, absurdos, covardes da História de nós mesmos? Quem é essa gente que ainda acha bonito apontar o dedo e diminuir o cara do lado por ele ter uma estrela ou uma cruz penduradas no pescoço? Que pensa que trabalha mais do que o cara que não fala direito o Português, que não tem emprego, que ganha uma miséria do jeito que dá, e que assim como eu e você tem fome, sede, precisa dormir e precisa morar pra não morrer? Quem somos nós pra saber a merda que fulano passou pra ser o que é – e talvez seja o máximo que ela consiga, pois nós mesmos pisamos na cabeça dele pra conseguir subir na vida? Qual o nome do seu porteiro? Da sua faxineira? Será que eles tiveram uma infância tão segura, feliz e tranquila como a nossa?

Não. Você me lê pela internet. Nós somos a exceção.

Então, crescer achando que quem é diferente da gente automaticamente é motivo de piada, de desdém ou de dó… bem, isso é colocar como cláusula pétrea que não somos capazes de pensar além da nossa bolha. É esquecer que viver em sociedade é sim entender a necessidade do outro, de dar bom dia pro cara no semáforo, pro vizinho de banco na padaria, de ser um pouco melhor todo dia. Um dia me botaram uma camisa do São Paulo quando era criança. Mais pra frente, vi que aquilo era errado, procurei minhas cores e fui feliz com meus novos (e velhos) amigos. Não é possível que a gente continue aceitando, calando e empurrando com a barriga nosso estado de letargia com aquilo que não somos, não temos ou não sabemos. Todos (eu disse TODOS) os meus amigos – próximos ou não, minha família, conhecidos e desconhecidos que de alguma forma eu tenho contato são capazes de ser algo melhor. São capazes de pensar com responsabilidade antes de abrir a boca ou mexer os dedos.

Sei que sonhei muito em um dia conhecer um lugar onde o mundo e as pessoas mudaram depois de determinado acontecimento, e tive oportunidade de fazê-lo esse ano. Sou um privilegiado, mais exceção ainda do que antes. Mas o que aprendi por lá todos nós sabemos, ou pelo menos temos uma ideia muito clara a respeito.

Portanto, e fechando a história (e essa reflexão enorme): não existe justificativa, contexto ou o caralho que seja capaz de justificar um sentimento, um lampejo ou um momento estúpido como o que vivemos ontem. Estávamos há pouquíssimo tempo falando de sentimento patriótico, de abraçar a nação, essas coisas que nunca fizemos porque não fomos capazes de nos unir por um bem comum. Ontem soubemos o porquê disso. Então, ao invés de culpar quem se mexeu de alguma forma – indo pra urna, pra rua ou pra onde fosse, vamos nos atentar àquilo que não estamos fazendo direito. E enquanto esse desrespeito, esse sentimento absurdo de superioridade permear de alguma forma a nossa cabeça, não há cor, nome ou região que resolva: estaremos todos no inferno, e sozinhos.

E solidão é exatamente meu sentimento hoje.

As figurinhas

Era pra ser mais ou menos um presente de aniversário. Eram 23h, o sono chegando, e aquela mensagem lá em cima do Facebook, avisando que faltava uma hora pra vencer a data. O cara é camarada, você não tá muito inspirado pra escrever algo especial, mas odeia quando acontece o inverso e neguinho esquece dos teus festejos. Lembrei da caricatura que tinha do sujeito aqui – que eu fiz pro casamento dele (e que eu mesmo não fui – relapso ao cubo, e uma mea culpa a ser feita pro resto da vida). Aí a lampadinha acende: “cacete, é época de Copa e o amigo é corinthiano (graças ao bom Deus) – vamos fazer uma figurinha”.

Foi coisa rápida, dado que a coleção da Panini vinha embalada. Monta template, iguala os efeitos, encaixa o desenhinho e taí, pimba. Publiquei no Facebook do cara, e ele curtiu tanto que virou sua nova foto de perfil. Me senti honrado, daqueles pequenos prazeres que só quem desenha entende e sabe. Na empolgação, lembrei que não ME desenhava há tempos. Bora fazer uma minha também. Joga no perfil. Like. Like. Like. Like. Like. Like. Like. Faz pra mim. Quanto custa? Também quero. E eu também. Também. Like. Like.

E a tal lampadinha virou holofote.

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Resumindo a história: de um momento de carinho pintou uma baita oportunidade de juntar numa mesma empreitada trabalho E diversão. Sim, porque eu sempre gostei de desenhar meus amigos – a gente curte cuidar de quem gosta, ou estou falando besteira? Mas o engraçado é a coisa ter virado esse tsunami. Porque os amigos dos amigos pedem. E fulano quer uma imagem da família toda, enquanto outro quer dar de presente pro filho a figurinha especial que ainda falta no álbum dele. Uma diversão declarada, que a gente vez ou outra na vida já participou – fosse agora, ou há anos, quando ainda éramos crianças. No fim das contas, e entre tantas preocupações da vida adulta, a gente lembra que o tal espírito que Copas e Olimpíadas carregam é justamente esse – de reunir família, amigos e por alguns minutos, a gente se preocupar apenas em se divertir. Juntos.

Por sorte, acaso ou oportunidade (e quem sabe, uma feliz equação dos três), esse meu álbum tem ganho páginas e páginas de velhos e novos amigos. Com a feliz possibilidade de nunca ser plenamente completado.

*Se você quiser fazer parte desse projeto também, me escreva no [marcelo@masili.com.br]. Inclua os seguintes dados no e-mail: nome que vai na figurinha, time do coração, seleção que será a camisa (pode ser qualquer uma, inclusive de fora da Copa), e data de nascimento completa. Eu respondo, com orçamento e simpatia. Aos que já estão cadastrados: eu monto uma fila por ordem de chegada, e assim que começo a desenhar, envio os dados pra depósito – assim pagamento e trabalho rolam juntos, e todo mundo fica feliz.

Dream A Little Dream Of Me

mini

Você é pequeno e não sabe o que quer da vida. Criança sonha, e quem não sonhou em ser alguma coisa diferente daquilo que é hoje? Obviamente, meu primeiro sonho não era ser desenhista, mas sim atacante do Corinthians, pra poder jogar com o Sócrates.

Porém, ser desenhista sempre foi opção E sonho. Que acabei correndo atrás, não porque quis, mas porque meus caminhos (que não serão descritos nesse pequeno texto) me trouxeram pra cá – inevitavelmente, o único lugar que eu em que me sinto plenamente confortável, realizado e feliz. Estabelecendo-se num lugar e numa posição, às vezes a gente sonha de novo. E eu sonhei.

Sonhei que um dia queria realizar 3 coisas, que aos olhos de muita gente podem parecer besteira: ilustrar uma capa de disco, um livro infantil e uma capa de livro. Nada de ficar famoso, encher o rabo de grana, sair por aí arrotando sucesso, e falando bem de tudo aquilo o que os outros mortais não viveram. Nada disso… a versão low profile é muito mais bacana. As coisas mundanas mais simples sempre acabam se mostrando mais significativas, e eu gosto muito dessa simplicidade. Três sonhos sim, razoavelmente ambiciosos, mas perfeitamente alcançáveis. Muito que bem.

Há um tempo eu realizei o primeiro, quando fiz a capa pro disco do Renato Godá. Não é “aquele artista” que participa do Domingão do Faustão, e isso não fez a menor diferença pra mim. Foram idas e vindas, se eu não me engano 8 ou 9 versões do mesmo desenho. É sempre assim, porque sim – a gente não acerta de primeira na vida, é uma lição universal (convenhamos: o Sócrates tinha o Palhinha, o Edmar, mas nunca fez um passe pro Masili – eu entendi o recado). A satisfação de entrar numa FNAC e pegar na mão o disco com a tua capa foi das coisas mais legais que já vivi. Meu pai ainda era vivo, eu dividi isso com ele também. Foi incrível.

Realizar um sonho é chegar lá. É ter mirado alguma coisa na vida, e acertado em cheio depois de suar pra descobrir e entender o caminho. Se a gente não sonha, se torna alguém vazio, sem propósito, personalidade, sem nada – e deve ser uma merda ser assim. Cada um sonha o que quer, e quem compra a briga sabe a recompensa que o espera.

Tudo isso pra enfim dizer que o segundo (e quase o terceiro – a capa é minha, mas com ressalvas, então ainda não considero esse sonho plenamente realizado simplesmente por ser um chato) são agora uma realidade também. Durante esse último mês estive envolvido num projeto delicioso, que com várias idas e vindas (e melhorias – é bom que se diga que nessa minha zona de conforto, quanto mais se desenha, mais se aprimora) tomou corpo e está em fase de finalização neste exato momento. Eu queria quantificar minha felicidade, mas faltariam tuppewares no mundo pra guardar tanta coisa, então é melhor espalhar por aí mesmo. Eu vou poder pegar um livro na mão, e ao olhar pros desenhos, falar “é meu”. Não dá pra descrever o quanto eu quis isso na vida.

E como toda corrida tem pódio e banho de champanhe, a festa pelo lançamento do “Dançando com o Inimigo” tem data e hora pra acontecer. Reservem seu 31 de maio – é um sábado, a partir das 16h. Dividir esse momento com o maior número de amigos e pessoas queridas possível só faz com que eu tente entender o quanto sonhar valeu a pena. Obviamente, quero mais livros e capas de discos (porque continuam sendo peças que dominam meu imaginário), mas que legal – preciso de novos sonhos agora 🙂

Dançando com o Inimigo
Estreia dia 31 de maio
Livraria da Vila
Alameda Lorena, 1731 – Jardim Paulista
A partir das 16h

Em breve tem evento no Facebook, e essas coisas modernas. Mas por enquanto, vamos comunicando por aqui mesmo. Qualquer mudança (de datas, horários, locais ou tudo junto) eu republico. Mas sim, apareçam. E é isso!

Não, saudade não é bom

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Minha mãe está indo morar em Joinville, sexta agora.

Do susto da notícia repentina à mudança, foram-se aproximadamente 40 dias, e eu confesso: é um tempo muito curto para uma digestão bem-feita de um acontecimento tão diretamente relacionado à minha vida. Sim, minha mãe é a única família que me restou por perto, e agora eu passo a ser o único Masili em São Paulo. Ela vai morar com meu irmão, a cunhada e a sobrinha.

Obviamente, eu não gostei. Não sou hipócrita.

Porque com ela, vai-se a espontaneidade de “tive um dia de merda, vamos tomar uma cerveja mais tarde?“, “comprei uma carne e o almoço está cheiroso, quer vir fazer um prato?“, “quer vir ver o que aconteceu com o meu computador, que ele tá esquisito?“. Minha mãe é de longe a pessoa com quem mais tive afinidade quando ainda éramos quatro. Depois da aborrecência, onde todos queremos distância dos nossos pais, foi ela quem topou em um sábado de manhã sair de casa e comprar ingresso de cambista pra assistir ao Elton John, naquele que foi o primeiro show da vida dela; foi ela que num aniversário que fiz, já meio alta com as cervejas da tarde, topou carregar uma mochila nas costas e encarar Perú e Bolívia naquela que foi a maior aventura das nossas vidas até então (sim, depois do Monte Roraima, creio que essa viagem caiu pro segundo posto até o momento, e essa a velha não aguentaria); e principalmente: ela foi a primeira e única daquela casa a conversar de igual pra igual sem medo de mudar de opinião, pedir desculpas ou dar a mão à palmatória em caso de cagadas. Eu sempre tive mãe, mas posso dizer sem a menor sombra de dúvida: nela sempre esteve minha melhor amiga.

Então sim, eu estou me sentindo bem sozinho e estranho nessa condição de pessoa que fica. A distância de 5,5 km entre nossas casas vai aumentar de uma forma absurda, a ponto de serem raros os abraços (por mais que ela diga que não – eu tenho minhas convicções, e espero estar errado sobre elas, mas enquanto não mudo de opinião são essas as minhas palavras). É uma merda. É uma absoluta merda mole de vaca isso. Algumas pessoas dizem que saudade é bom. Não é. Bom é estar perto de quem a gente ama, poder cismar ter um dia bom, e tê-lo. Eu acho ótimo que minha sobrinha possa aproveitar a avó daqui em diante, mas estou abrindo um pequeno espaço e me dando o direito de ser egoísta por alguns segundos – eu não sei sorrir amarelo, me perdoem.

E com ela, vai também a Pimpolhinha – a cachorrinha que há algumas semanas ilustrou constantemente meu facebook (enquanto a véia estava por lá, pesquisando apartamento). Quem tem ou já teve cachorro sabe o quanto eles se tornam família, e o quanto a gente se apega. Eu já tive dois, mas era criança demais quando tivemos que doá-los. Na época, dividi o sentimento de perda com a empolgação da mudança – de Santo Amaro pro Taboão. Dessa vez não há divisões, e é outra merda, gigantesca.

Eu não vim aqui recomendar nada, muito menos dizer nada além dessas linhas. Aquilo que preciso dizer pra Paquinha já é dito pessoalmente, como sempre foi. Eu torço pra que tudo dê certo, pra que ela encontre mais felicidade ainda na própria vida, e que aprenda a cuidar de si, por si – coisa que ela faz, mas não tão bem assim. De resto, quis deixar umas linhas… talvez de desabafo, porque é muito complicado lidar com uma situação tão determinante e grande na minha própria vida no mais absoluto silêncio. Mas é o que eu devo fazer, e é o que eu tenho de momento.

Ainda tenho três dias com você (espero). Que por favor, a gente aproveite.

No mais, você nunca será visita, véia. Sua casa permanece de portas e braços abertos. Eu duvido que você volte a viver nela, mas as visitas são obrigatórias, necessárias e determinantes pra que os que ficam permaneçam felizes – mesmo que absoluta e profundamente saudosos. E é melhor eu parar de escrever porque tá foda.

Eu amo muito você. Se cuida.

O problema não é a Copa

Não mesmo.

A Copa virou o novo Cristo, pra deixar bem claro o quanto nos falta autocrítica nesses dias de hoje. E não, eu não vou defendê-la: acho sim que o país tem outras milhares de prioridades, e eu nunca a teria trazido pra cá enquanto todas elas não fossem sanadas; já trazida, acho absurdos os gastos desmedidos e descarados com os estádios SIM (inclusive com o do meu time, mas vou deixar o clubismo de fora desse texto), bem como o desperdício, as obras de estrutura prometidas e não cumpridas, e toda a revolta que ela gera nesse momento é PERFEITAMENTE justificável.

Mas não, o problema não é a Copa.

Só que a Copa é uma coisa que a gente – povo – “ganhou” do governo (e não da Fifa, é bom deixar claro sempre), e que nos é cobrada de forma totalmente indevida. O país do futuro quer exibir no presente aquilo que nunca foi no passado: um lugar de gente festeira (majoritariamente), com igualdade social, receptividade e educação indubitáveis. Um lugar que justifica nossa fama lá fora, lotado de mulheres seminuas, gente dançando nas ruas o tempo todo, bebendo e festejando até semáforo aberto. É isso que nossos comandantes (o Governo, e sim: a Fifa) querem que sejamos, e nos ameaçam das formas mais bizarras caso essas expectativas não sejam cumpridas.

Antes de falar disso, vamos enxergar a coisa sob outro prisma.

Safadões

A Copa é somente a afirmação macro de um modo de operação com o qual NOS ACOSTUMAMOS durante décadas, e aceitamos totalmente calados. Sim, me diga: qual a diferença entre as promessas da Copa e de qualquer campanha política? Compare a situação dos estádios com a dos hospitais, das avenidas, das obras de trânsito, educação… é exatamente a MESMA COISA: Promete-se que “serão construídas 20 coisas a preço x, com entrega y“; constrói-se 3, a preço x vezes 5, e entrega-se em y vezes 4. Assim como os aeroportos, que não serão entregues a tempo, também não foram o metrô, as escolas, as casas populares e tantas outras coisas.

E sim, meu amigo: apesar do governo não te citar em seus discursos durante o mandato vigente, você é igualmente responsável e comprometido com as obras, reformas e processos que ele assume como compromisso. Você votou naqueles caras, e os seus impostos continuam servindo pra que ele cumpra aquilo que assumiu. Igualzinho à Copa.

Então, se a Dilma e o Blatter estão te botando na roda, ameaçando prender geral quem resolver torcer o nariz pra Copa, entenda que os tais direitos democráticos (que a gente de fato tem, e estão explicadinhos no Código Civil) não funcionam somente pra um evento: funcionam pra vida. Se você acha ruim que a Copa será aqui e o governo não cumpre o que promete, desvia dinheiro, superfatura obra e faz e acontece sem licitação e o escambau, bacana – mas me prometa que daqui em diante sua postura será replicada quando você discutir o porquê de um hospital que demoraria 1 ano pra ficar pronto e que custa 2 milhões de Reais ficar pronto em 3, ao custo de 8. A revolta tem que ser a mesma, senão maior, para ser autêntica.

Caso contrário, você está bandeirando contra qualquer coisa. Uma bandeirada tão gratuita quanto discutir quem é melhor: PSDB ou PT. Se a Copa virou um pretexto pra gente assumir o conceito real de cidadania, tenha certeza: mesmo só daqui a 5 meses, a Copa de 2014 foi a melhor coisa que aconteceu a esse país nos últimos tempos.

P.S.: Em tempo – esse negócio de “vou torcer contra”, “não vou assistir” e blablablá é perfeitamente aceitável – afinal, é um estado democrático. Mas eu pessoalmente acho uma postura babaca, se tiver como função assumir nisso uma crítica velada contra o que quer que seja. Assistam “O dia em que meus pais saíram de férias“, e tentem manter acesa a chama dessa falácia – se ainda conseguirem.

Dois mil e treze

Foi bom.

Comecei e terminei 2013 viajando. Janeiro pra baixo, andar entre os pinguins, passar o aniversário no gelo, brincar de aventureiro e suar na Patagônia, novembro pra cima, me graduar em insanidade subindo o Monte Roraima na Venezuela. Do vento absurdo do Extremo Sul ao calor da Região Norte, mais alguns sabores no repertório. Conhemos gente da Argentina, Alemanha, Canadá, EUA, Japão, Irã, Israel (malditas), Coreia (malditos), Nova Zelândia (heróis), Venezuela e Chile, colecionamos histórias, fotografamos e filmamos muita coisa, fizemos alguns amigos e nos habilitamos a passar mais meia dúzia de dicas a quem quiser encaixar o pé nos nossos passos. Falei inglês errado fluentemente. Arrebentei o joelho, mas não desisti. A Dé encheu a lata de chocolate quente durante uma gripe portenha. Comemos bem. Comemos mal. Não tomamos banho, pra depois aprender o quanto é bom ter um mínimo de conforto. Tivemos muito conforto.

Levei minha menina pra assistir show no Cine Jóia. Minha irmãzinha voltou do estrangeiro. Um dos meus melhores amigos comprou apartamento e está se amarrando pra valer. Ganhei mais um sobrinho. Revi e me reaproximei de gente que não via há uns 15, 20 (e talvez mais alguns) anos. Tirei encontros do Facebook e coloquei-os na vida real. Fui pro Rio a negócios com uma cliente carioca, e tomei cerveja com outras ilustres duas, que pouco depois recebi aqui em casa. Entre almoços, cafés e happy hours, revi muitos amigos e fiz outros tantos. A Pimpolhinha passou uns dias aqui em casa. Fui numa rave, e sobrevivi. Vivi minha primeira passeata in loco – meio perdido, mas feliz. Li um livro (sim, pra mim ainda é um desafio). Montei mesa, banco, rack e prateleira. Recebemos os amigos pra rodadas e mais rodadas de cerveja, cachorro-quente, hambúrguer e RockBand. Cozinhei pra cacete, e acertei a mão muito mais que errei. O São Paulo não ganhou nada esse ano. O Fluminense caiu pra série B, mas pra variar… Nadamos muito, e bem. Compramos smartphones.

2013

Obviamente, nem tudo são flores. Minha passagem de ano foi boa, mas o Natal passado foi uma bosta. O pau quebrou em família. Fui processado (mas ganhei, então era ruim, mas ficou bom agora). Levei trocentas multas. Fomos eliminados pelo Boca na Libertadores. Queimei meu primeiro feijão. Meu carro deu novos vários prejuízos. Tem vazamento no apartamento. A Dé continua trabalhando no Taboão. A pizza anda vindo sem amor. Às vezes, o dinheiro não sobra como a gente gostaria. Meu micro às vezes dá dor de cabeça, nas horas mais inoportunas. Dexter acabou, e acabou zoado.

Profissionalmente, o ano foi excelente. Novos cliente e parceiros, aqui e fora do Brasil. Trabalhos muito legais, uma exposição ótima, remuneração bem boa, e a fila andando (e crescendo). Porém, numa promessa pessoal, disse a mim mesmo que não abriria detalhes dessa parte da minha vida. E vou cumprir, porque dá certo assim.

Por fim, ela continua sendo minha metade favorita e perfeita (mesmo não lavando a louça). Estabeleci um espaço e uma distância segura e boa, e agora irmão, sobrinha e cunhada estão por perto. A mãe vai bem, mas podia ir melhor (e depende dela, já conversamos sobre isso). A vida seguiu bem. Estamos com saúde, continuamos sonhando, e desses sonhos a gente põe no papel o que dá e faz vontade virar projeto, que vira realidade. Obviamente, sempre falta muita coisa, mas o que seria de um ano novo sem uma lista repleta de pendências…? É isso.

Que venha 2014. Até lá ainda temos 12 dias. Dá pra fazer coisa pra burro.

Mas 2013 foi bom.

O último capítulo

Amanhã vou encarar meu primeiro processo.

Estudei por tanto tempo (e ainda estudo, óbvio) pra justamente em momento algum precisar passar por aperto. Faço o possível e o impossível pra que meus trabalhos caiam no gosto do cliente – às vezes inclusive me dobrando a alguns caprichos (a incidência desse tipo de ocorrência vem caindo drasticamente com uma maior qualificação do próprios clientes… ainda bem). Normalmente a relação de trabalho é muito boa… ganhei alguns bons amigos nesses quase 15 anos de estrada. Fechei parcerias excelentes. Colecionei bons cases, e atendi da ervilha à melancia. Óbvio que nem tudo são flores, mas no geral eu posso dizer que minha vida profissional foi pautada de muito mais sucesso do que fracasso.

Mas está escrito no pára-choques: MERDAS ACONTECEM.

Às vezes a gente erra. Nesse caso, errei eu, por ter me dobrado demais a um “cliente” que não sabia exatamente o que queria. Pegar na mão a gente pega filho, pega mãe… Existem lugares específicos pra se fazer caridade, e o mercado não é um deles. Aprendi muito desde o momento em que despachei o indivíduo, e ele me respondeu com uma intimação judicial. Por sinal, o ser humano surpreende a gente de muitas formas – mas as negativas sempre prevalecem.

Essas linhas são muito mais um desabafo. Um fardo que estou levando sozinho e em silêncio nas costas está prestes a escorregar pro esquecimento, eu espero. E são também um agradecimento pessoal a cada um que investe e aposta no meu trabalho. Disse meu advogado: “é seu primeiro, não será o último”. Eu acredito. Às vezes o ego sobressai, e a razão de algumas pessoas é ofuscada por um preciosismo bizarro, que ferra a vida de outras pessoas.

Se eu posso pedir alguma coisa, amanhã mandem uma forcinha em pensamento. Lá pro meio da tarde, essa história estúpida acaba.

Bateu a cabeça?

3x4

Há alguns dias, comecei um trabalho totalmente pessoal*, que tem causado certa estranheza nas pessoas mais chegadas. Venho publicando quase diariamente fotos históricas da minha família – inclusive de antes do meu nascimento. Acho que valem algumas linhas de explicação, mais especificamente sobre onde (e como) surgiu essa ideia.

Da publicação de uma das minhas primas, há algumas semanas, surgiram das profundezas de alguma gaveta/HD imagens da minha infância – e inéditas pra mim até então. Foi o estalo: quantas são as lembranças que os anos/décadas estão aos poucos soterrando? Debaixo de quantas memórias recentes estão ocultos fatos realmente relevantes…? Aqueles que formaram a primeira fileira de tijolos, que serviu de base para o que eu me tornei hoje? Será que algum dia eu serei capaz de contar essa história pra alguém (filhos, sobrinhos, netos)? E a Dé, que eu conheci em 2006, faz ideia de quem eu fui durante os 26 anos anteriores? Depois que meu pai morreu, é justo que eu o transforme em uma memória à base de meia dúzia de imagens estáticas, que vira e mexe revisito? A grande maioria das pessoas que eu conheço não estiveram comigo durante tanto tempo… e as que eu conheço desde pequeno, perdi contato e retomei há pouco – sabem de fato quem eu sou?

Muitas perguntas, e a resposta óbvia: as fotos que minha mãe guarda debaixo da cama.

Existe na casa dela uma caixa mitológica (que já foi uma enorme mala de couro), onde estão praticamente todos os álbuns da minha família. Imagens que desde que me conheço por gente têm cheiro de mofo. Algumas estão descoradas, outras tantas o tempo literalmente comeu as bordas. Existem ali coisas da minha infância, e dela também, e do meu pai. Está tudo ali, pronto pra ser mexido de alguma maneira. E eu resolvi sujar um pouco as mãos.

A gente lembra de tanta coisa que quis esquecer… as dores mais diversas: da briga na família à derrota do time, do pé na bunda número 12 da menina da escola ao desemprego do pai, do Natal sem presentes à mudança forçada de colégio. A gente joga tudo pra debaixo da cama, engole o choro e segue em frente. Infelizmente, os arredores – que nem sempre são ruins como determinados momentos – vão junto pra gaveta. A gente esconde contextos, e aos poucos vai apagando os rastros, pra que possamos ser apenas o hoje. Enquanto isso, o ontem e o anteontem vão ficando cada vez mais distantes, até desaparecerem completamente e a gente não conseguir reaver a ordem das coisas – e menos ainda que coisas são essas.

Aos poucos, sem ordem definida, vou tentar arrumar isso tudo no que eu puder: restaurar imagens e cores (sim, existe um certo romantismo nas fotos amareladas, mas o mundo em 1973 era tão ou mais colorido do que 40 anos depois – seria uma injustiça omitir essas cores), tentar organizar uma sequência que me faça enxergar uns cacos da minha infância (cujas memórias eu tenho sob outro ponto de vista – as fotos são obviamente a visão de meus pais), e com isso reorganizar meu passado. Não é dívida com ninguém, muito menos um momento de nostalgia. É pura curiosidade, e uma certa ânsia em reativar memórias, que depois dos 30 parecem ter sido vividas em outra existência.

Timidez, cabelo, moleton, velotrol, shorts minúsculos, uniformes de colégio, estampas de disco voador, espinhas, transformações. Saber quem a gente foi pode ser a melhor forma de avaliar aquilo que a gente é. Não é crise de meia-idade (pra essa, ainda faltam bons 7 anos), mas organizar a bagunça é cada vez mais uma necessidade na vida. Em tempos de tanta pressa, parar um pouco e olhar pra trás tem me feito muito bem. Quem sabe, esclareça pra meia dúzia dos que estão realmente por perto os porquês de muita coisa. São desejos paralelos… o legal mesmo tem sido descobrir – o que for.

A viagem tem sido deliciosa. E vai melhorar bastante. Um trabalho desses é pra mais de ano.

*Não, não é uma despedida – não estou doente, nem morrendo; não, não estamos grávidos e nos derretendo por bebês (se cada pessoa que te pergunta “quando vocês vão ter um bebê?” soubesse o quanto isso é desagradável, não se intrometeria na vida alheia tão gratuitamente), e muito menos alguma coisa aconteceu com minha mãe, irmão e afins. Fiquem tranquilos: a gente ainda tem muita lenha pra queimar – e mais ainda: muita história pra contar. E viver.