O último capítulo

Amanhã vou encarar meu primeiro processo.

Estudei por tanto tempo (e ainda estudo, óbvio) pra justamente em momento algum precisar passar por aperto. Faço o possível e o impossível pra que meus trabalhos caiam no gosto do cliente – às vezes inclusive me dobrando a alguns caprichos (a incidência desse tipo de ocorrência vem caindo drasticamente com uma maior qualificação do próprios clientes… ainda bem). Normalmente a relação de trabalho é muito boa… ganhei alguns bons amigos nesses quase 15 anos de estrada. Fechei parcerias excelentes. Colecionei bons cases, e atendi da ervilha à melancia. Óbvio que nem tudo são flores, mas no geral eu posso dizer que minha vida profissional foi pautada de muito mais sucesso do que fracasso.

Mas está escrito no pára-choques: MERDAS ACONTECEM.

Às vezes a gente erra. Nesse caso, errei eu, por ter me dobrado demais a um “cliente” que não sabia exatamente o que queria. Pegar na mão a gente pega filho, pega mãe… Existem lugares específicos pra se fazer caridade, e o mercado não é um deles. Aprendi muito desde o momento em que despachei o indivíduo, e ele me respondeu com uma intimação judicial. Por sinal, o ser humano surpreende a gente de muitas formas – mas as negativas sempre prevalecem.

Essas linhas são muito mais um desabafo. Um fardo que estou levando sozinho e em silêncio nas costas está prestes a escorregar pro esquecimento, eu espero. E são também um agradecimento pessoal a cada um que investe e aposta no meu trabalho. Disse meu advogado: “é seu primeiro, não será o último”. Eu acredito. Às vezes o ego sobressai, e a razão de algumas pessoas é ofuscada por um preciosismo bizarro, que ferra a vida de outras pessoas.

Se eu posso pedir alguma coisa, amanhã mandem uma forcinha em pensamento. Lá pro meio da tarde, essa história estúpida acaba.