Um dia você chega LÁ.

A gente deseja e sonha isso. Pra gente mesmo, pra quem a gente ama, pra quem merece. Na maioria das vezes, LÁ é um lugar – senão impossível – dificílimo. Desanima, esquece que sonhou um dia com esse destino, e no fim das contas se acomoda na mesmice. Não dá pra condenar, esse é o caminho que a gente acaba tomando mesmo, porque no final das contas, a rotina – cinza e bege – engole esses sonhos todos, e nem mastiga. Quando não a rotina, o contexto. O mundo. As pessoas. O que for. A vida.

Pois bem. Durante essa última semana, eu cheguei LÁ.

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Pra muita gente, LÁ tem muito dinheiro, iates e mulheres. Acho que LÁ é um lugar tão grande que cada um que chega vê uma coisa diferente. No meu caso, estavam LÁ minha família, meus amigos e algumas várias surpresas. Todos me ajudando, se divertindo, e de alguma forma dividindo essa breve estadia comigo. LÁ é um lugar muito quente, em que eu só cheguei depois de suar muito. Durante a viagem, as noites são curtas, os dias são longos. E obviamente, há obstáculos: aqueles que acham que seu trabalho não vale o que você cobra, aqueles que acham que você não devia cobrar nada, “afinal você está se divertindo”, e uma ou outra lombada que te causa um galo aqui, um hematoma ali. Mas a estrada é longa, e se a gente quer chegar LÁ, pensar que o caminho é de rosas é uma visão muito simplista pra algo tão difícil de se alcançar. Os obstáculos fazem parte, e superá-los é uma obrigação.

Minha parte de LÁ não teve tanto dinheiro. Nem iates. As mulheres foram as que sempre estiveram por aqui: a que me trouxe, a que quis pra si, as que estão sempre por perto. Mas havia muito mais que isso. Chegaram novos amigos. Chegou o time do Corinthians. Chegaram muitas e muitas pessoas me perguntando o que era tudo aquilo. Que era legal. Que eu merecia. Que devia fazer mais. Imprimir. Escrever. Juntar tudo e fazer mais. Disseram que aquilo tudo de fato era pra estar LÁ: os livros, os desenhos, os projetos, os encontros e reencontros, os autógrafos, os comentários empolgados, os palavrões eufóricos, os beijos da criançada, os abraços que não terminam, as lágrimas que deveriam ficar guardadas, pois era hora de sorrir até dar cãibra. E deu. E eu continuei sorrindo.

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LÁ existe sim. E é legal demais, porque você vê que os sonhos têm propósito. Que existem outras trocentas cores nos mais diversos lugares, muito mais bonitas e vivas do que bege e cinza. Quando a gente se aproxima de LÁ, lembra de cada conselho, puxão de orelha, empurrão providencial. Lembra de gente “que foi chata pro teu bem”, “que te disse que ia dar nisso se você não não desistisse”, “que sempre soube que você conseguiria”. O suor vai virando tesão. Você sabe que não errou o caminho. Mais do que isso: você sabe que LÁ não é um lugar só, pois quando se chega, esse lugar muda de nome. Ganha o teu. E você entende muito daquilo que a vida te reserva.

Se dá algum descanso. Dorme sorrindo, sem cãibras. Tem certeza de que a viagem valeu a pena. Mas que LÁ é um lugar pro qual você quer sempre voltar, e ter uma experiência diferente a cada oportunidade. E não há calor, insônia ou lombada que seja capaz de te impedir.

É muito, muito legal isso. E eu desejo, a cada um que não desiste de si mesmo, que chegue LÁ.

*Foi, profissionalmente, a semana mais feliz da minha vida – disparado. E eu queria ser justo e agradecer a cada um nominalmente, mas seria injusto, pois abençoado que sou, foram muitos os responsáveis diretos e indiretos por dois dos meus sonhos – um que sempre tive, e um que nunca ousei – hoje serem memórias. Então, estou tentando de uma forma muito pessoal e discreta agradecer a todos. Obrigado mesmo galera, de coração.

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